Ir ao ginecologista é fundamental, mas uma pesquisa do Datafolha em associação à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) indicou que mais de 6,5 milhões de brasileiras não têm esse hábito. E é compreensível: a primeira vez no ginecologista pode parecer estranha, desconfortável e excessivamente íntima.
Para te ajudar a superar esse bloqueio e perder o medo de cuidar da sua saúde, a Oya preparou um conteúdo completo com dicas sobre o que fazer na sua primeira consulta ginecológica. Assim, você fica mais segura e sabe exatamente em quais pontos tocar. Vamos juntas!
1. Fale sobre sintomas, dores e sensações fora do seu comum
O mais importante em uma consulta ginecológica é garantir que você vai sair dali com a saúde em dia. Por isso, converse com a sua médica sobre qualquer sintoma ou incômodo que você tenha sentido desde a última vez que foi lá e que te chamou a atenção.
Por exemplo: apareceu uma coceirinha estranha durante alguns dias? Você tem sentido a sua vulva mais avermelhada? O seu corrimento mudou de aspecto? Tem algum cheiro mais forte te incomodando ou te deixando insegura?
E mais: você sentiu dor para fazer xixi? E dores na relação sexual, chegou a rolar? Suas cólicas menstruais pioraram muito de repente? Você sentiu alguma coisa diferente depois de uma relação?
Todos esses são temas que você pode abordar no consultório. E mais: se não quiser se deslocar até lá, esses também são assuntos que podem ser tratados em uma consulta online com uma ginecologista.
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Agende uma consulta2. Tire dúvidas sobre métodos contraceptivos
Outro ponto muito importante é conversar com a sua ginecologista sobre o seu método contraceptivo. Seja porque você precisa deles para lidar melhor com os sintomas de uma doença ginecológica, como a endometriose ou a síndrome do ovário policístico, seja porque você não quer engravidar, esse é um tema fundamental em qualquer consulta.
Se você ainda não usa nenhum anticoncepcional, mas tem vontade de começar, é a hora de conversar com ela sobre quais são os mais indicados para você. Alguns exemplos são:
- Métodos contraceptivos hormonais: são aqueles que usam hormônios para impedir a ovulação e diminuir os sintomas de algumas doenças ginecológicas. Alguns exemplos são a pílula anticoncepcional, a injeção anticoncepcional e o DIU mirena.
- Métodos contraceptivos de barreira: são aqueles que criam uma barreira física entre o óvulo e o espermatozoide, impedindo a fecundação. Não usam hormônios. São exemplos comuns a camisinha e diafragma.
- Métodos contraceptivos definitivos: são aqueles que impedem a gravidez de forma definitiva, seja a partir da retirada dos órgãos reprodutores, seja a partir de cirurgias menos invasivas que impedem o contato entre óvulos e espermatozoides. Não usam hormônios e requerem uma reflexão maior, já que nem sempre são reversíveis. Um exemplo é a laqueadura tubárea.
- Métodos contraceptivos naturais: são aqueles que demandam um conhecimento mais profundo sobre o nosso corpo, além de atenção aos sinais. Não usam hormônios, mas são muito dependentes de um estilo de vida que se acomode a eles.
Se você já usa um desses, mas acha que ele pode não ser tão bacana e quer explorar mais opções, a consulta ginecológica também é o momento de ter essa conversa.
Mesmo que você não tenha relações sexuais de penetração com pênis/vagina também é importante conversar com a ginecologista sobre formas de prevenção contra ISTs, hein!
3. Converse sobre a sua menstruação
Outro tema que não pode ficar de fora, principalmente se é a sua primeira vez no ginecologista, é o seu ciclo menstrual. Falar com a sua médica sobre a regularidade do ciclo, a intensidade da menstruação e os seus sintomas pré-menstruais é uma maneira de entender se está tudo certo com os seus hormônios.
Para deixar a consulta mais rica, crie o hábito de monitorar o seu ciclo menstrual (você pode fazer isso com aplicativos específicos, na sua agenda ou em um caderninho). Assim fica mais fácil compartilhar dados importantes para a avaliação da sua saúde, como data da última menstruação ou duração média do ciclo.
Além disso, é fundamental apontar para a ginecologista se você costuma menstruar duas vezes no mês, ou se sofre com a menstruação atrasada. Ou mesmo, se seu fluxo é muito intenso, com múltiplas trocas de absorventes/ coletor que enche rápido, coágulos e anemia associada. Assim, ela consegue identificar essas irregularidades no ciclo menstrual e te ajuda a lidar com elas.
E não acaba por aí, tá? A sua ginecologista também pode te ajudar a escolher o melhor tipo de absorvente/ coletor menstrual/ calcinhas absorventes, te ajudar a parar de menstruar de forma segura (caso você queira ou precise) e até te mostrar como calcular o seu período fértil.
4. Peça a opinião da sua ginecologista
Uma ginecologista também pode ser alguém com quem você conversa sobre temas mais delicados, para ter uma segunda (ou primeira) opinião.
Dúvidas sobre sexo, sexualidade e prazer também pertencem ao consultório ginecológico, ainda que pareçam temas que só podem existir entre os grupos de amigas. Você pode contar com a ginecologista para descobrir mitos sobre o vibrador, ter sexo seguro com outras pessoas com vulva, entender como recuperar o tesão perdido e muito mais.
O mesmo vale para tratamentos de fertilidade (em caso de sintomas de infertilidade), congelamento de óvulos, se você deve ou não esperar para engravidar etc. Como profissional, ela pode te dar orientações seguras e te tranquilizar, além de te auxiliar a traçar um plano realista para os seus objetivos.
Por fim, questões ligadas à identidade de gênero também podem ser discutidas. Se você é parte da comunidade LGBTQIAP+, uma consulta com ginecologista pode ser o momento de falar sobre contracepção, prevenção de ISTs, tratamentos hormonais, tirar dúvidas sobre efeitos colaterais comuns e muito mais. Tudo isso com acolhimento e em segurança.
5. Pergunte sobre exames e outros médicos que você queira consultar
Por fim, a sua primeira vez no ginecologista também é o momento para entender se você pode (ou deve) consultar outros médicos, para um tratamento multidisciplinar. Essa recomendação é muito comum para pessoas com endometriose e síndrome do ovário policístico, por exemplo, que podem se beneficiar de um acompanhamento nutricional e endocrinológico. A ginecologista também pode te encaminhar para um mastologista, se for necessário examinar com mais cuidado as suas mamas.
Outra opção é pedir exames complementares, que não fariam parte dos exames de rotina, para examinar mais profundamente uma questão que surgiu no consultório de ginecologia.
Se você tem vontade de explorar mais a sua fertilidade, por exemplo, pode ser que a sua ginecologista geral não esteja apta a te acompanhar, já que esse trabalho é feito por ginecologistas especialistas em reprodução humana. Mas ela pode solicitar os exames necessários para uma investigação inicial, como o exame AMH, e te dar diretrizes para encontrar uma médica especialista em fertilidade. Ou, outro exemplo, talvez você se beneficie de acompanhamento médico especializado com ginecologista que cuida de doenças específicas como miomas e endometriose, com indicação de cirurgia em alguns casos.
Tenho medo de ir ao ginecologista. E agora?
Esse medo, comum a muuuuitas mulheres (sobretudo mais jovens!), pode ter várias explicações: existe o tabu de permitir que outras pessoas vejam e toquem nossas partes íntimas; existe o receio de sentir dor ou desconforto; existe o histórico de experiências ruins, sobretudo para pessoas negras, LGBTQIAP+ ou acima do peso. E muitos outros fatores.
Mas a verdade é que, com medo ou sem, ir ao ginecologista é fundamental para a manutenção da sua saúde. É claro que não vai ser uma tarefa simples pra todo mundo, mas a gente garante que ela vai ficando mais fácil conforme você vai se habituando e se informando sobre o que esperar desse momento.
Para começar, o ideal é encontrar uma clínica e uma médica que te passem toda a confiança. Se sentir bem e acolhida é fundamental para que a consulta aconteça sem incômodos. Mas isso só pode rolar em um ambiente que te deixe confortável e segura. Talvez leve algum tempo para encontrar o lugar perfeito, e tudo bem se você sentir que a sintonia “não bateu” com a primeira profissional que você se consultou.
Ela pode não ter feito nada de errado, mas você não é obrigada a seguir sua jornada de saúde se não estiver se sentindo à vontade, por qualquer que seja o motivo. Existe uma profissional certa para cada pessoa e você vai encontrar a sua, a gente garante.
Depois, conversar sobre esse medo com a própria médica também é uma boa ideia. Assim, ela te tranquiliza, te explica exatamente o que vai acontecer e te deixa mais à vontade para fazer comentários, tirar dúvidas ou até reclamar de algum desconforto.
Por fim, você também pode conferir o nosso conteúdo sobre o que uma ginecologista faz na primeira consulta. Assim, vai mais preparada para esse momento. Vamos juntas?