Você provavelmente já sabe, mas a gente não cansa de dizer: as técnicas de reprodução assistida vêm ganhando cada vez mais atenção, no Brasil e no mundo. E, para quem deseja engravidar, elas podem ser uma ferramenta muito interessante. Mas encontrar uma médica especialista em fertilidade ainda não é um trabalho fácil.
Pensando nisso, a equipe de comunicação da Oya Care decidiu bater um papo com a Dra. Thais Luzo, que faz parte da nossa equipe médica. Especialista em reprodução humana, com um mestrado em andamento em oncopreservação e com mais de 200 procedimentos no currículo, ela é uma das responsáveis por cuidar das oyanas — nossas pacientes — que buscam atendimento em reprodução assistida.
Quer saber mais? Então confira a nossa conversa, conheça um pouco mais sobre a trajetória da Dra. Thais e entenda por que é tão importante contar com uma médica especializada no assunto na hora de escolher a sua clínica médica!
Bate-papo com a Dra. Thais Luzo: “Foi a escolha certa, porque me interessa lidar com a vida”
Você sempre quis ser médica? Como se encontrou na ginecologia?
Dra. Thais: Não exatamente. Na escola, eu gostava muito das matérias de exatas, mas venho de uma família de médicos e sabia que essa era uma profissão possível, até interessante. Foi no final do meu último ano do Ensino Médio, quando visitei uma faculdade de Engenharia e percebi que ela não era pra mim, que realmente comecei a cogitar a Medicina. Isso aconteceu muito porque a faculdade de Engenharia era muito cheia de máquinas, e eu queria trabalhar com pessoas.
Depois que entrei na Faculdade Santa Casa [Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo], me apaixonei. E o caminho da Ginecologia e Obstetrícia foi escolhido bem rápido por mim, porque gosto muito da parte endócrina e também me interessei muito pela obstetrícia quando comecei a atuar de forma mais prática.
Acabou sendo uma escolha muito acertada porque me interessa lidar com a vida. Lógico, existem doenças, mas muito do que a gente faz é pra melhorar a qualidade de vida. E mesmo não atuando, hoje, tão intensamente na parte de obstetrícia, gosto muito de toda a parte de pré-natal, de acompanhamento da gestante…
E a reprodução humana, como virou um interesse?
Dra. Thais: Minha residência [momento de especialização médica] em Ginecologia e Obstetrícia foi na Santa Casa [Hospital da Irmandade da Santa Casa de São Paulo], mesmo lugar onde fiz a graduação, e, durante o segundo ano, percebi que, apesar de não ser a fã número 1 de passar várias horas no centro-cirúrgico, eu gostava de fazer alguns procedimentos, da mesma forma que gostava de atender em consultório.
Comecei a me interessar pela reprodução humana porque ela envolvia a parte endócrina da ginecologia [especialidade relacionada ao funcionamento dos hormônios], que sempre foi algo de que gostei, e também envolvia esses procedimentos mais próximos da cirurgia, mas que não eram tão longos. E acho que o meu perfil combina com a reprodução humana, com o tipo de atendimento que essas pacientes exigem.
Acontece que a Santa Casa, como é uma instituição pública, não tinha muito espaço pra que eu me desenvolvesse nessa área. Então, no meu terceiro ano de residência, comecei uma pós-graduação focada em reprodução humana e percebi que era nisso que eu queria mesmo focar e me especializar. No final da residência, fiz a prova de especialização em reprodução humana e comecei a atuar no Instituto Ideia Fértil, da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).
Conheça os tratamentos de reprodução assistida da Oya!
Agendar consultaVocê participou da Liga Gineco-Endócrino da Santa Casa. Como foi essa experiência?
Dra. Thais: Participei da Liga Gineco-Endócrina desde o segundo ano da faculdade, quando percebi que a Ginecologia era mesmo um assunto que me interessava. Comecei a acompanhar as aulas, que aconteciam semanalmente, com temas variados, e fui me aproximando.
No terceiro ano da faculdade, assumi o cargo de tesoureira da Liga e, no quarto ano, virei presidente. Mesmo depois da residência, continuei mantendo o contato com a Liga e indo até as aulas, até que, no final desse período de especialização, fui convidada pelo professor Prof. Dr. José Mendes Aldrighi, um nome super importante quando falamos de Ginecologia e Obstetrícia, a auxiliá-lo na coordenação.
Hoje, auxilio as alunas da diretoria da Liga a montar a grade de aulas e continuo muito presente nas discussões. Como nós temos um foco acadêmico, sempre existem publicações sobre as quais falamos, então eu toco essas discussões e também apresento algumas aulas, casos clínicos, coisas assim. Os alunos também têm muito interesse no tema da reprodução humana, então consigo levar esse debate pra Santa Casa.
Você também faz mestrado em Reprodução Humana. Pode falar um pouco sobre a sua pesquisa?
Dra. Thais: Comecei o mestrado no Instituto Ideia Fértil (FMABC) e meu tema de pesquisa envolve a oncopreservação, ou seja, é focado nas pacientes que descobrem que estão com câncer e precisam preservar os óvulos antes [caso desejem filhos no futuro]. Eu trabalho com essa preservação da fertilidade em pacientes com câncer de mama, uma vez que a quimioterapia prejudica bastante a reserva ovariana.
É um estudo bastante inicial, ainda não foi publicado, então é um pouco mais difícil entrar em detalhes. Mas acho importante destacar que é um assunto que recebe pouquíssima atenção, em geral por falta de informação.
Esse momento de recebimento do diagnóstico de câncer é bastante delicado, e o foco da paciente começa a ser apenas a cura da doença. Porém, o câncer de mama, cada vez mais, é detectado precocemente, então existe, em geral, uma alta taxa de sobrevida. Por isso, faz sentido a gente pensar em um futuro após a cura, onde a maternidade pode ser uma vontade daquela pessoa.
O foco da minha pesquisa é mostrar como o congelamento de óvulos pode ser eficaz na preservação da fertilidade. E é uma medida que não atrapalha no tratamento do câncer, não posterga o início desse tratamento.
Qual você acha que é o maior desafio, hoje, quando falamos em reprodução humana?
Dra. Thais: A falta de informação. Nós temos o hábito de falar que tudo na medicina é prevenção, mas ninguém pensa na prevenção da fertilidade, ou no cenário de, no futuro, tentar engravidar e não conseguir. Essa demora para chegar em uma médica especialista em fertilidade pode prejudicar as chances de sucesso, e acho que esse ainda é um dos maiores gargalos que enfrentamos na reprodução humana.
Pensando no tratamento em si, acho que o maior desafio é o fato de ainda não termos, hoje, altas taxas de sucesso. A gente costuma dizer que o sucesso vem com a repetição, então é necessário, primeiro, conversar com a paciente antes do tratamento começar, pra explicar as chances de engravidar. Mas, depois, é preciso que se insista nesses tratamentos, também.
Você acha que a reprodução humana é uma área em crescimento?
Dra. Thais: Com certeza. Não só dentro da Medicina, mas no mundo. Até porque a gente tem um número cada vez maior de casais homoafetivos, que felizmente vêm sendo englobados nesse planejamento familiar, e que podem contar com essas técnicas. Mas não só: acho que, da parte médica, também existe uma orientação cada vez maior e melhor, além de um interesse mais expressivo nos estudantes e residentes.
Como você conheceu a Oya Care?
Dra. Thais: Conheci através da Dra. Caroline Ingold, que também atuava no Instituto Ideia Fértil e já trabalhava na Oya Care. Ela sempre comentou muito sobre a Oya, até que surgiu uma oportunidade de vir pra cá.
Depois de conversar com a Dra. Natalia Ramos [líder médica da Oya], entendi melhor a proposta da Oya e achei tudo muito legal. Porque é um jeito diferente de lidar com a reprodução humana, diferente até do que a gente está acostumado nesse mercado, que fica muito preocupado com números. Então a Oya foi a maneira que encontrei de continuar atuando na área que eu gosto, mas em um lugar com uma mentalidade parecida com a minha, focada em preservação.Comecei atuando na consulta online, que foi uma proposta super pioneira da Oya, e agora estou também na clínica em São Paulo, que é um lugar muito bem pensado, com todos os equipamentos necessários para um bom atendimento.