Pelo menos metade das pessoas no mundo ou menstrua ou já menstruou na vida, mas a gente ainda evita falar sobre menstruação. Ainda temos um bom caminho para percorrer, mas aos poucos nosso ciclo tá entrando nas rodas de conversa — ainda bem.
Falar sobre menstruação é importante não só porque é um processo completamente natural do corpo feminino, presente por vááárias décadas na vida de todo mundo que tem útero, como também por dizer muito sobre nossa saúde – tanto que alguns profissionais de saúde já consideram o ciclo menstrual como um sinal vital, assim como a respiração e os batimentos cardíacos.
Um ciclo menstrual saudável e regular (ou seja, dentro dos padrões considerados saudáveis) não é sinônimo apenas da ausência de gravidez, mas também funciona como primeiro indicativo de que outras funções do corpo estão acontecendo de maneira equilibrada, como a produção de hormônios e a absorção de determinados nutrientes.
E esse equilíbrio, adivinha só, afeta também a sua fertilidade. Vamos falar mais sobre isso?
Antes de mais nada…
Você sabe por que a gente menstrua?
Bom, pra responder isso, vamos voltar um pouquinho: quem nasce com um corpo feminino nasce também com todos os óvulos que irá liberar ao longo da vida. Quando um desses óvulos amadurece e está pronto para encontrar sua cara metade (o espermatozóide!), ele sai do ovário e vai para a trompa uterina. Esse processo é chamado de ovulação.
Se um espermatozóide entra em contato com esse óvulo, pode acontecer a fertilização – em outras palavras, a pessoa engravida. Mas se isso não acontece, aquele útero que estava prontinho para receber um bebê se desfaz de sua camada interna e manda embora aquele óvulo. Essa é a menstruação.
Em um primeiro momento pode parecer que a menstruação está no extremo oposto da fertilidade, mas ela é só uma etapa de um longo processo. Por A mais B, a gente entende que quem tem o ciclo regular libera mais óvulos — portanto, tende a ser mais fértil!
Ok, mas o que seria um ciclo regular?
O ciclo menstrual é o período de tempo que vai do primeiro dia da sua menstruação até a véspera da menstruação do mês seguinte. Esse intervalo de tempo costuma variar de 28 a 35 dias, mas o número pode mudar de mês a mês.
Chamamos de regular aquele ciclo que obedece sempre um mesmo intervalo, podendo variar um pouquinho a cada mês, entre 2 e 3 dias (a mais ou a menos). O ideal é monitorar o ciclo bem de perto, assim você fica sabendo como seu corpo funciona e pode inclusive detectar algum problema se ele se comportar de maneira anormal.
Nunca sei quando minha menstruação vai vir, o que isso significa?
Das duas, uma: ou você não tem o hábito de registrar o dia da sua menstruação (e aí fica difícil fazer as contas para descobrir quando começa o próximo ciclo) ou você tem um ciclo irregular.
Um ciclo menstrual é considerado irregular se nos últimos seis meses ele ocorreu fora do intervalo considerado normal (aquele de 28 a 35 dias), seja com menstruações mais frequentes, menos frequentes ou completamente imprevisíveis.
É normal ter o ciclo irregular em algumas fases da vida, como no início da adolescência , até 3 anos após a menarca (como chamamos a primeira menstruação da vida de uma mulher), perto da menopausa, após a gravidez ou no período de adaptação de algum contraceptivo hormonal. Se você não se encaixa em nenhum desses casos e notou uma irregularidade, é hora de procurar ajuda profissional.
Alguns fatores externos – como qualidade do sono, estresse, mudanças de rotina, alimentação e até exercícios físicos em excesso – podem desregular o ciclo menstrual, mas essa “falha” também pode indicar algum problema de saúde.
Síndrome dos ovários policísticos (SOP), distúrbio da tireoide e diabetes são algumas das condições de saúde que podem comprometer o ciclo menstrual. Nem todas estão diretamente relacionadas à fertilidade, mas é importante buscar o tratamento adequado para não ter problemas lá na frente.
Eu uso contraceptivos. Isso afeta meu ciclo menstrual?
Depende. Seu método contraceptivo é hormonal?
Anticoncepcionais como a pílula, adesivo, mini-pílula ou implante impedem a ovulação, e isso interfere na menstruação, já que uma das etapas foi suprimida. Ter um ciclo regular enquanto faz uso destes métodos não significa necessariamente que sem eles será a mesma coisa – aliás, o normal é que o organismo demore um tempinho para se readaptar quando você deixa de usá-los.
No caso do DIU hormonal, depende da dosagem. Quanto maior a dosagem e maior o tempo de uso, maior será o impacto sobre o ciclo — dependendo do caso, é possível bloquear a ovulação ou até mesmo interromper completamente sua menstruação, dificultando o acompanhamento do ciclo.
Já o DIU de cobre, 100% livre de hormônios, não interfere nessa parte.
Tá, entendi. Mas o que isso tem a ver com a minha saúde, mesmo?
Quando a gente menstrua, é um sinal que mudanças hormonais estão acontecendo no nosso corpo. Essas mudanças acontecem em vários momentos, mas são praticamente imperceptíveis em boa parte do tempo (mas se você ficar atenta, vai ver que o corpo manda sinais o tempo inteiro!).
Já a menstruação é um sinal bem evidente de todas essas movimentações, difícil de ignorar. É como se nosso corpo estivesse mandando um recado pra dizer que tá tudo funcionando certinho no nosso sistema reprodutivo.
Mas não basta menstruar! O próximo passo é prestar atenção na regularidade do nosso ciclo — como dissemos acima, as variações em excesso podem sinalizar importantes alterações físicas e até emocionais.
Sabe quando você anda estressada e o sangue não desce por nada? Então. Viagens, exercícios e dietas também podem mudar o nosso ciclo. Nesse caso, a menstruação pode mandar outro tipo de recado: que é hora de pisar no freio e cuidar mais da sua saúde, principalmente se a fertilidade for uma questão para você nesse momento.
Acompanhar nosso ciclo é acompanhar nossa saúde física, mental e sexual, e também monitorar nossa vida fértil. Se esse é um ponto que te interessa no momento, é só mais um motivo para ficar de olho no que acontece aí dentro.
E é fácil: basta anotar o primeiro dia de cada menstruação e o último também. Com o tempo você consegue ter uma visão clara da duração do seu ciclo e até mesmo detectar outros sinais que seu corpo te envia para documentar esse processo além do velho e conhecido sangue na calcinha.
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E se além de sangue o período menstrual também é sinônimo de dores para você, veja nossas dicas comprovadas cientificamente para aliviar as cólicas!