Mal superamos a pandemia de COVID-19, tampouco passamos perto de nos recuperar das sequelas da doença, dos traumas, do isolamento e das novas dinâmicas de vida trazidas por ela. E aí, sem qualquer cerimônia e para o terror de todas nós, nos últimos meses fomos assombradas com as notícias sobre a chamada varíola dos macacos e a ameaça de nova grande epidemia no ar.
Nesse momento, quatro estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal) já estão no estágio de transmissão comunitária da doença, com mais de mil casos confirmados em todo o território nacional. Ao mesmo tempo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que a situação é uma emergência global de saúde – o que não significa uma pandemia global, mas funciona como alerta inicial de atenção.
Diante desse cenário, é hora de se informar sobre a varíola dos macacos. Será que você sabe mesmo o que é essa doença? Quais são os sintomas? Como tratar? Como se proteger da varíola dos macacos? E, especialmente, o que, no meio de tanta notícia, não passa de fake news? Vem que a Oya Care te explica!
O que é a varíola dos macacos?
A primeira coisa que a gente precisa desmistificar quando falamos em varíola dos macacos é que não se trata de uma doença nova. Na verdade, ao contrário do que muita gente pensa, essa infecção já é uma velha conhecida de pesquisadores, que lidam com o vírus desde 1958.
Apesar da varíola dos macacos ter sido descoberta na década de 1950, o primeiro caso em humanos aconteceu em 1970, com uma criança da República Democrática do Congo. De lá até pouco tempo atrás, a doença era registrada de forma esporádica em países considerados endêmicos, ou seja, regiões específicas onde ela permanecia circulando mesmo depois de “controlada”.
Feitas as devidas apresentações, agora chegou aquele momento em que a gente joga alguns nomes técnicos que você provavelmente não vai gravar, mas que servem para entender melhor o que é a doença. Preparada?
Como se pega varíola dos macacos?
A variola dos macacos é considerada uma doença viral, ou seja, provocada pela ação de um vírus. Mais especificamente, estamos falando do Orthopoxvirus, da família Poxviridae. Isso significa que é transmitida de algumas formas:
- Pelo contato direto com lesões de pele, crostas e líquidos corporais causados pela doença. Também pelo contato sexual (seja ele oral, vaginal, anal ou mesmo a masturbação) com pessoas infectadas;
- Assim como a COVID-19, a varíola dos macacos é transmitida por gotículas emitidas durante a fala, tosse, e respiração;
- O contato com objetos pessoais ou que foram tocados por pessoas infectadas também é outra forma de transmissão;
- Gestantes infectadas pelo vírus da varíola dos macacos podem transmitir a doença para o bebê pela placenta;
- Roedores e primatas contaminados podem infectar humanos pelo contato com suas lesões e/ou fluidos corporais. Além disso, o consumo de carne ou o contato com o sangue de animal infectado também pode transmitir a doença. Porém, não tema: essa forma de disseminação tá meio longe da nossa realidade e é mais comum onde a varíola dos macacos é endêmica (por exemplo, em alguns países do Leste e Centro da África).
Atenção: como ainda estão sendo feitos testes e estudos sobre as formas de transmissão da varíola dos macacos, é importante entender que essa lista de formas de transmissão pode aumentar ou diminuir ao longo do tempo. Da mesma forma que aconteceu com a Covid, lembra?
Mas uma coisa importantíssima nós já sabemos: os macacos não tem nada a ver com essa história. A doença é chamada assim porque os primatas foram extremamente importantes na descoberta e identificação desse tipo de varíola.
O Ministério da Saúde, inclusive, sugeriu a troca desse nome por aqui, por ter medo de que a ligação com os macacos acabe fazendo com que os bichos sofram nas mãos de quem não entende direito como a varíola dos macacos funciona.
Neste texto, nós vamos continuar falando da doença com o nome popular, mas pode ser que daqui algum tempo seja mais comum encontrar informações sobre a varíola dos macacos a partir de outros termos, como varíola símia ou até pela variação do nome em inglês, monkeypox.
Ok, agora que sabemos que os macaquinhos não têm nada a ver com a doença em questão, podemos seguir em frente com mais informações!
Sintomas da varíola dos macacos
Vamos imaginar que você teve contato com uma pessoa infectada pela varíola dos macacos e que, por azar, pegou o vírus. O que acontece a partir desse momento?
Se você acha que em segundos vai começar a ver feridas na pele, pode esquecer. Infecções como a varíola dos macacos não se manifestam de um dia para o outro, isso porque o vírus precisa de um tempo de adaptação (ou tempo de incubação) e de multiplicação para então se fazer notar. Sendo assim, os sintomas só devem aparecer de 5 a 21 dias depois do contato com a pessoa infectada.
Importante: Você só passa a ser uma pessoa que transmite a varíola dos macacos a partir do momento em que começa a sentir as manifestações da doença. Isso porque é só aí que seu corpo “elimina” o vírus através das secreções, saliva, etc, podendo contaminar outras pessoas.
Da mesma forma, você só para de transmitir a varíola dos macacos a partir do momento em que todas as lesões de pele são curadas.
Tá, mas quais são os sintomas das varíola dos macacos? Eles são:
- Febre;
- Lesões de pele com aparência e texturas diversas (desde “planas” até bolhas e crostas) que podem aparecer em diversas partes do corpo, como genitais, mãos e rosto;
- Calafrios;
- Linfonodos aumentados (também conhecidos como ínguas);
- Exaustão;
- Dor muscular e nas costas;
- Dor de cabeça;
- Sintomas respiratórios (dor de garganta, coriza, tosse).
Os sintomas iniciais são febre e calafrio, já as lesões de pele tendem a aparecer entre 1 a 4 dias depois disso.
Como se proteger da varíola dos macacos?
Sempre que falamos em doenças contagiosas como a varíola dos macacos, precisamos ter em mente que, falar em proteção, é falar sobre saúde pública. Em outras palavras, a disseminação de informações e a vacinação são alguns dos pontos-chave para que a doença seja combatida. Mais uma que aprendemos com a Covid, né?
O acompanhamento médico desde o primeiro momento em que os sintomas aparecem é outro ponto importante para garantir tanto um tratamento adequado quanto a segurança das pessoas que convivem com o infectado.
Com o caso confirmado, o isolamento, a hidratação, o cuidado com as lesões (que devem ser mantidas limpas e secas) e o uso de medicamentos são essenciais não só para uma recuperação efetiva, mas também para que a gente consiga enfrentar a atual emergência de varíola dos macacos.
Importante: o isolamento em casos de varíola dos macacos é maior do que o recomendado para a COVID-19. Por isso, não deixe de procurar ajuda médica!
Além do diagnóstico médico assim que os sintomas começam a aparecer, existem outras recomendações para se proteger (e proteger os outros!) da varíola dos macacos:
- Isolamento, caso a doença seja confirmada;
- Higienização frequente das mãos;
- Uso de máscaras;
- Higienização de superfícies, objetos e vestimentas;
- Uso de preservativos na hora do sexo;
- Conversa aberta com parceiros e parceiras sobre possíveis sintomas.
Varíola dos macacos em 2022
Em maio de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu a notificação de casos confirmados da varíola dos macacos no Reino Unido, em Portugal e na Suécia. Todos esses casos tinham como diferencial o fato de nenhum dos doentes ter viajado para uma área considerada endêmica da varíola dos macacos, dando indícios de um possível novo foco para doença, como confirmado posteriormente.
Até agosto de 2022 foram registrados cerca de 41 mil casos de varíola dos macacos em 96 países diferentes, com o Brasil ocupando o 27º lugar com maior número de transmissões.
A maior diferença entre os casos antigos e a nossa atual situação é que, até então, o vírus não tinha sido disseminado de forma tão acelerada. Antigamente a transmissão era feita em ambientes domiciliares, ou seja, era preciso um contato mais próximo com a pessoa infectada para a sua transmissão. Outra diferença é que o vírus antigo se manifestava primeiro com lesões na cabeça e, só depois por meio de crostas, bolhas ou pontinhos espalhados pelo corpo.
Agora, muito se fala sobre uma distribuição sexual da varíola dos macacos, apesar da doença não ser definida como uma IST (infecção sexualmente transmissível). Inclusive, os primeiros ferimentos estão sendo notados nos genitais das pessoas infectadas.
Todas essas “novidades” indicam o que os médicos chamam de mudança no caráter epidemiológico da doença. Ou seja, modificações na forma de transmissão e até no protagonismo de sintomas e formas de transmissão que antes não eram tão aparentes.
Repetindo: quando a gente fala sobre doenças consideradas epidemiológicas, ou seja, aquelas distribuídas de forma coletiva, é importante entender que as informações podem mudar bastante ao longo do tempo, tendo como base novos estudos e observações de disseminação e contágio.
Varíola dos macacos só pega em homem?
Uma das maiores fake news do momento sobre a varíola dos macacos é que ela só atinge homens. Apesar de homens que se relacionam com homens terem predominado entre os infectados nos primeiros meses desde o boom da disseminação, precisamos tomar cuidado para não reforçar estereótipos preconceituosos, como aconteceu na década de 1980 com o vírus do HIV.
Como explicamos anteriormente, a varíola dos macacos não é considerada uma IST e pode ser transmitida por meio de vários fluidos corporais, como a saliva, além do contato próximo e prolongado com qualquer pessoa, seja no ato sexual ou não.
Qualquer pessoa pode ser contaminada, independente de orientação sexual ou sexo biológico.
Quero me vacinar contra a varíola dos macacos. O que fazer?
A vacina contra a varíola dos macacos por muito tempo foi produzida em estoques militares, ou seja, feita em quantidades limitadas, apenas em alguns países, e só sendo utilizada para casos muito específicos.
Por isso, a demora para um calendário de vacinação confirmado ou mesmo previsão de quando será disponibilizada para nós, gente como a gente.
A esperança é que recentemente foi aprovada uma vacina contra a varíola dos macacos. Essa vitória aconteceu em alguns países onde a dose é recomendada para a população de risco, ou seja, quem teve contato com um caso confirmado ou suspeito da doença e também para profissionais da saúde. O Brasil, felizmente, entrou para essa lista, mas ainda não existe previsão para o início da vacinação.
Mesmo assim, sem pânico! Com informações corretas e atualizadas, além dos cuidados que comentamos ao longo desse papo, é possível se proteger da varíola dos macacos até, enfim, chegar o momento de levar a sua picadinha.
Apesar de ser uma doença que exige atenção, a mortalidade por varíola dos macacos é baixa e, exatamente por isso, é fundamental que a gente busque conhecimento para evitar pânico e ansiedade sempre que ligamos a TV.
Dica Oya: Ficou curiosa e quer saber mais informações técnicas sobre a doença? Então não deixe de escutar o DrauzioCast sobre o tema! O episódio tem pouco mais de 30 minutos e conta com a participação do infectologista Dr. Antônio Bandeira.
Quer saber mais?
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