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Falar de fertilidade é também falar de trabalho

As mulheres sempre trabalharam. Quando olhamos para as mulheres negras e das classes mais baixas, vemos que o trabalho fazia parte de suas vidas bem antes da revolução sexual, na maior parte das vezes em posições subalternas. Sem poder de escolha em relação à maternidade, os filhos eram deixados em casa, sob o cuidado de vizinhas ou parentes (também mulheres), e logo começavam a trabalhar também.

O surgimento da pílula anticoncepcional na década de 1960 (menos de um século atrás!) permitiu que as mulheres pudessem escolher QUANDO ou SE se tornariam mães, ganhando mais tempo e liberdade para investir em suas carreiras. Mas não podemos esquecer que, antes mesmo de poder fazer essa escolha, as mulheres já trabalhavam. 

E não podemos esquecer também que esse poder de escolha, sozinho, ainda não nos faz verdadeiramente livres. ‍

O trabalho invisível das mulheres

Mesmo aquelas mulheres que demoraram mais tempo para ganhar as ruas no século passado também trabalhavam e continuam trabalhando. Segundo relatório da Oxfam publicado em janeiro de 2020, as mulheres são responsáveis hoje por 75% do trabalho não remunerado do mundo, um esforço que ainda é invisível para o mercado. 

A Oxfam estima que o valor monetário do trabalho de cuidados não remunerado das mulheres com mais de 15 anos seja de 10,8 trilhões de dólares a cada ano.

Entram aí cuidados com crianças e idosos e também o trabalho doméstico – serviços essenciais para a vida de todos, mas que cai majoritariamente sobre os ombros das mulheres. Nas ciências humanas, esse tipo de atividade é chamada de trabalho de reprodução social da vida e não parece ser uma coincidência a forma como ele está constantemente atrelado às mulheres. 

Segundo a pesquisadora Tithi Bhattacharya, “produzir a vida no sentido mais direto é dar à luz. Mas para manter essa vida, precisamos de toda uma série de outras atividades, como limpar, alimentar, cozinhar, lavar roupas.”. Cabe a nós conciliar essas tarefas com todo o resto, acumulando uma jornada dupla, às vezes tripla, de trabalho. 

Se identificou por aí?

O custo da dupla jornada de trabalho

Mesmo quando o cuidado se torna um trabalho formal, em grande parte das vezes ele é subvalorizado e mal remunerado. Os dados da Oxfam também trazem essa evidência: segundo o relatório, “enfermeiras, faxineiras, trabalhadoras domésticas e cuidadoras são em geral mal pagas, têm poucos benefícios e trabalham em horários irregulares, além de sofrerem problemas físicos e emocionais”.

Segundo o Estudo de Estatísticas de Gênero (2019), do IBGE, as mulheres trabalham em média três horas por semana a mais do que os homens (somando-se trabalho remunerado, atividades domésticas e cuidados com outras pessoas), mas ganham apenas dois terços (76%) do rendimento deles.

Nas ocupações que exigem nível superior completo ou mais, a diferença salarial é ainda maior: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016, dado mais recente disponível.

E assim como o mundo do trabalho era diferente para mulheres brancas e negras lá atrás, o abismo ainda permanece. Dados do IBGE mostram que as mulheres brancas ganham 70% a mais que as negras. Enquanto a média salarial das brancas é de R$ 2.379 a das negras é de R$ 1.394, o menor salário na comparação entre mulheres brancas, homens negros (R$ 1.762) e homens brancos (R$ 3.138).

“Em termos de reprodução social, muitas das tarefas que precisamos fazer em um determinado dia são realizadas por mulheres não-branca. Não poderíamos comer comida, andar nas ruas, ter nossos filhos e idosos atendidos, ter nossas casas e hotéis limpos, sem mulheres migrantes e mulheres negras fazendo esse tipo de trabalho. Este trabalho de produção do mundo é completamente desconhecido.” Tithi Bhattacharya

O trabalho continua

Como vimos nos parágrafos acima, a pílula foi revolucionária, mas a guerra ainda não foi vencida. Falamos muito sobre a importância de ocupar cada vez mais espaços, mas é importante olhar também para aqueles espaços que já ocupamos, para aqueles que nos forçam a ocupar, e pensar nas mudanças de dentro para fora.

Hoje, Dia do Trabalho, lutamos não só pelo direito de trabalhar, mas pelo trabalho digno dentro e fora de casa, pela igualdade de oportunidades que só é possível com uma divisão justa de tarefas, um trabalho que assegure aos corpos femininos aqueles direitos que são nossos – inclusive, e principalmente, o de escolha.

Ser ou não ser mãe? Tomar ou não a pílula? Trabalhar ou não fora de casa? Carreira ou filhos? Não importa, o que vale mesmo é ter as portas sempre abertas e um teto feito de acordo com as nossas necessidades no esperando do outro lado de todas elas.  

“Quer dizer, o que é uma mulher? Juro que não sei. E duvido que vocês saibam. Duvido que alguém possa saber, enquanto ela não se expressar em todas as artes e profissões abertas às capacidades humanas.” (Virginia Woolf)

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