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Sou lésbica e quero engravidar. Por onde começar?

A noção de que a orientação sexual influencia a possibilidade de maternar não é incomum em uma sociedade como a nossa, heteronormativa. Só muito recentemente a noção de família começou a se alargar um pouco mais e a incluir pessoas do grupo LGBTQIAP+, mas a ideia de que essas pessoas também podem gestar ainda não é tão difundida. O que acontece, então, quando uma mulher é lésbica e quer engravidar?

A maternidade lésbica não é um caminho impossível. Na verdade, cada vez mais surgem opções para pessoas do sexo feminino que não estão em um relacionamento heterossexual viverem uma gestação — é o caso, por exemplo, da inseminação artificial e da fertilização in vitro (FIV). 

Por isso, a Oya preparou esse conteúdo com tudo o que você precisa saber sobre engravidar sendo uma pessoa lésbica. Vamos juntas? 

Sou lésbica e quero engravidar agora. Quais são as minhas opções?

Como a gente explicou, existem cada vez mais opções seguras para mulheres lésbicas que desejam gestar uma criança. As principais delas são a inseminação artificial e a fertilização in vitro, e a gente te explica como cada uma funciona. Olha só:

Inseminação artificial

O processo de inseminação artificial é, talvez, a opção mais conhecida para mulheres lésbicas que querem engravidar. Nele, não é necessário retirar os óvulos, e o procedimento costuma ser rápido, indolor e mais barato do que outras alternativas.

Para acontecer, é necessário ter um doador (que pode ser de um banco de esperma, comum em clínicas de reprodução assistida, ou não) e óvulos viáveis (ou seja, maduros e com boa qualidade). As etapas são as seguintes:

  1. A mulher que vai engravidar é submetida a um tratamento hormonal (com uma dosagem baixa de hormônios!) para estimular a ovulação;
  2. Ao chegar na fase do ciclo menstrual certa, a ovulação, é feita a introdução do sêmem doado diretamente no útero da mulher;
  3. Por fim, basta esperar o corpo humano fazer a sua parte. 

Caso a gravidez não aconteça, é preciso passar por todo o processo novamente. As chances de sucesso podem ir de 10% a 20%, a depender da saúde e da idade da pessoa.

Mulheres lésbicas que não estão em um relacionamento podem optar pela maternidade solo e este é um dos métodos seguros de fazer com que ela aconteça. 

E a inseminação artificial caseira, é segura?

Não! Embora seja uma opção atrativa para casais lésbicos que não podem (ou não desejam) arcar com os custos de uma inseminação artificial, a verdade é que a inseminação caseira traz uma série de riscos para a saúde da mulher e do embrião.

Isso porque a inseminação caseira é feita, em geral, por um doador que não passa por um processo de triagem médica para investigar possíveis doenças genéticas ou infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, envolve a inserção do esperma com o auxílio de uma seringa, em um ambiente completamente despreparado para esse tipo de procedimento.

Ou seja: mesmo que pareça uma boa ideia  — e que alguns casais até tenham histórias de sucesso a partir deste método —, o ideal é só passar pela inseminação em uma clínica especializada, onde você terá todo o apoio caso haja alguma intercorrência, tá?

Fertilização In Vitro (FIV)

A fertilização in vitro (FIV) também é uma técnica de reprodução assistida que se baseia no estímulo ovariano através do uso de hormônios. No entanto, ao contrário do que acontece na inseminação artificial, a FIV faz a fertilização desses óvulos fora do corpo da mulher, em um laboratório. Apenas os embriões já fecundados são transferidos para o útero.

Apesar de um pouco mais complexo, o processo da FIV também não causa dor. Para investigar a possibilidade de sucesso de uma fertilização in vitro, é necessário realizar o exame AMH, que analisa a reserva ovariana.

As chances de sucesso variam muito de acordo com a idade de cada pessoa, e estudos sugerem que são de até 32% para quem tem menos de 35 anos. Depois desse período, a média é de:

  • 25% para mulheres de 35 a 37 anos;
  • 19% para mulheres de 38 a 39 anos;
  • 11% para mulheres de 40 a 42 anos;
  • 5% para mulheres de 43 a 44 anos;
  • 4% para mulheres com mais de 44 anos.

Vale lembrar que essas são as chances de sucesso de CADA embrião. Na FIV, são transferidos entre 1 e 3 embriões para o útero, o que faz com que o método tenha mais chances de ser bem sucedido. No entanto, ele também aumenta as possibilidades de uma gravidez múltipla, de gêmeos ou trigêmeos.

A chance de sucesso também tende a ser maior para casais lésbicos, já que a busca pela FIV de maneira geral não está, na maioria das vezes, atrelada a um caso de infertilidade feminina. 

Porém, assim como no caso da inseminação artificial, não é necessário estar em um relacionamento para passar por uma FIV. Mulheres que optam pela maternidade solo também podem realizar a fertilização in vitro e engravidar.

O que é maternidade compartilhada, na FIV?

A maternidade compartilhada é uma maneira de permitir que duas parceiras participem ativamente da gestação. Ela é possível a partir do método conhecido como “Reception of Oocytes from Partner” (ROPA, ou “Recepção de Óvulos da Parceira”), que funciona da seguinte maneira:

  1. Uma das mulheres fornece os óvulos, colhidos por punção ovariana;
  2. Os óvulos são fertilizados (aqui, pode ser usado o esperma do banco de espermas ou o espema de um doador conhecido pelas mulheres);
  3. A outra mulher recebe os óvulos e passa pelo processo da gravidez.

Vale lembrar, porém, que o embrião herda as características genéticas dos doadores. Embora a gravidez possa influenciar em alguns aspectos do desenvolvimento embrionário, isso não significa que o bebê terá características da mãe biológica.

Sou lésbica e quero engravidar, mas não agora. O que fazer?

Para mulheres lésbicas que desejam engravidar no futuro, a melhor opção é investir no congelamento de óvulos. O procedimento é similar ao da fertilização in vitro no que diz respeito ao estímulo ovariano e ao processo de coleta de óvulos maduros, mas não conta com a inseminação em laboratório.

Em vez disso, os óvulos ficam armazenados de forma segura, esperando para o momento ideal em que serão fecundados e transferidos para o útero — em um processo de fertilização normal. 

O preço do congelamento de óvulos varia, e as chances de sucesso dependem da reserva ovariana de cada mulher, da quantidade e da qualidade dos óvulos que são coletados. Esta é a melhor opção para quem deseja engravidar no futuro porque garante a disponibilidade de óvulos saudáveis e com a carga genética da futura mãe, caso esse seja um desejo do casal. 

Para casais formados por pessoas do sexo feminino, as duas partes podem congelar os óvulos e, no momento desejado, realizar rodadas de FIV. Desse modo, ampliam-se as chances de gravidez. 

Um outro papo: homossexualidade e acesso à saúde

O acesso à saúde para pessoas homossexuais não é tão simples quanto a gente gostaria. É verdade que ele existe — qualquer um pode ir até um posto de saúde ou uma clínica da família buscar atendimento —, mas os estigmas associados à sexualidade ainda estão longe de acabar.

Quando falamos em mulheres lésbicas, esse acesso é ainda mais difícil. Alguns estudos mostram que profissionais da saúde executam atendimentos mais rápidos e menos detalhados quando estão diante de mulheres lésbicas, o que pode prejudicar a qualidade da assistência prestada. 

Além disso, as políticas públicas no Brasil não são pensadas para mulheres lésbicas, e com frequência deixam de lado, no momento de atendimento, algumas das suas necessidades, sejam elas gerais ou específicas. Poderíamos citar como exemplos: 

  • a maior vulnerabilidade dessas mulheres às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), pela crença de que ISTs só podem ser transmitidas nas relações heterossexuais, via penetração, e a falta de soluções de prevenção (como o preservativo) adequadas para o sexo entre pessoas com vulva;
  • a baixa procura para a prevenção de câncer de mama e do colo do útero, já que as campanhas de conscientização costumam ser voltadas para mulheres heterossexuais;
  • a necessidade de considerar os impactos de violência intrafamiliar.

Nesse cenário, como começar a buscar ajuda? A gente te mostra.

1. Encontre a clínica certa pra você

O primeiro passo enquanto mulher lésbica que quer engravidar é buscar um atendimento integral e de confiança. Nem sempre esse será um trabalho fácil, mas é ao lado de uma equipe acolhedora e inclusiva que você poderá explorar de verdade todas as suas opções, sobretudo em relação à maternidade.

Vale a pena testar diferentes lugares e falar com profissionais diversos, se isso for uma possibilidade pra você. Afinal, a gestação é um processo transformador e é preciso se sentir segura antes de começar a passar por ela. 

Sou lésbica e quero engravidar pelo SUS. É possível?

Em 2012, com a Portaria 3.149, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer serviços de reprodução assistida, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro (FIV). Como explicamos, ambas são opções viáveis para mulheres lésbicas que querem engravidar. No entanto, as exigências do programa não contemplam esse público.

De acordo com os requisitos, é necessário que a pessoa interessada na reprodução assistida pelo SUS:

  • Tenha diagnóstico de infertilidade, após ter tentado a gravidez por métodos naturais por pelo menos dois anos;
  • Tenha mais de 18 anos e menos de 38 anos;
  • Tenha acesso a uma das clínicas especializadas em FIV e conveniadas ao SUS. No entanto, só existem 10 clínicas em todo o país.

Assim, fica implícita a necessidade de uma mulher estar em um relacionamento heterossexual longo antes de poder tentar engravidar pelo SUS. Além disso, os critérios são excludentes para a parcela de mulheres que desejam engravidar aos 40, grupo que vem crescendo nos últimos anos. 

Como a gente mencionou, a saúde pública brasileira infelizmente ainda não está preparada para atender, de forma integral, as mulheres lésbicas. A gente sabe que a medicina não é pensada para as mulheres, mas esse cenário se torna ainda mais deficitário quando tratamos de grupos que fogem ao padrão esposa-marido-filhos.

2. Cheque a sua saúde ginecológica

Também vale a pena fazer um check-up completo: desde conferir se você está seguindo todas as recomendações de saúde para se relacionar com outras mulheres, até garantir que tomou todas as vacinas e que não tem nenhuma IST.

Também pode ser interessante investigar a presença de doenças ginecológicas que podem dificultar a gravidez. A gente sabe que dá pra engravidar com SOP, por exemplo, mas o quanto isso dificulta o processo varia de mulher para mulher.

Por fim, vale a pena checar a reserva ovariana, para entender as possibilidades de uma gravidez natural (ou seja: com os seus próprios óvulos).

3. Se possível, tenha acompanhamento psicológico

Não é segredo: o processo de tentar engravidar pode gerar ansiedades e intensificar inseguranças, e a gente sabe que o estresse afeta a fertilidade. Em mulheres lésbicas, o desejo de ser mãe também pode despertar sentimentos ruins, como a sensação de que a maternidade “não é feita” para você.

Esses sentimentos nem sempre se baseiam na realidade, e, por isso, contar com um acompanhamento psicológico faz toda a diferença. Afinal, um profissional de saúde mental te ajuda a navegar pelos medos naturais de tentar gestar com mais tranquilidade.  

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