Vulva com vulva: um guia de saúde sexual

Existe sexo (e muito!) para além do contato entre pênis e vulva. E onde há sexo, há risco de se contrair alguma infecção sexualmente transmissível (IST). A heteronormatividade faz muita gente acreditar que a penetração pênis-vulva é regra, tornando todas as outras práticas automaticamente erradas e/ou menos importantes, mas não é bem assim que funciona.

O problema é que essa invisibilização gera efeitos que vão muito além do imaginário: um deles é a forma como a prática sexual que envolve duas (ou mais, rs) vulvas é ignorada quando se fala em saúde sexual e prevenção de ISTs. Muitas pessoas ainda acreditam que não é possível contrair o vírus do HIV e outras infecções quando não há penetração, enquanto outras dispensam totalmente os cuidados simplesmente por não haver risco de gravidez.

Por muito tempo, a prática sexual entre pessoas com vulva não era sequer considerada um ato sexual em si, uma vez que não teria a presença do pênis. Mas o sexo do tipo vulva com vulva sempre existiu, e hoje sabemos também que mulheres e pessoas com vulva podem contrair (e transmitir) ISTs bacterianas, virais e protozoárias entre si, uma vez as relações também envolvem contato com mucosas, secreções e até mesmo sangue.

Obstáculo #1: falta informação

Se você está lendo esse texto agora e sentindo falta de dados a respeito dessa população, saiba que nós também: há poucas pesquisas no realizadas no Brasil que abordam especificamente a situação de mulheres lésbicas, e menos ainda quando aprofundamos os recortes relativos a orientação sexual e identidade de gênero.

Um dos motivos para a dificuldade de realizar essas pesquisas seria o desconforto e o medo que muitas pessoas sentem de assumir sua orientação sexual para profissionais de saúde, por medo de sofrer discriminação. A isso juntamos profissionais que nem sempre estão preparados para atender e orientar esse público, que além de não receber o cuidado adequado ainda corre o risco de sofrer violência em espaços que deveriam ser de acolhimento.

Obstáculo #2: faltam recursos

Esse desencontro contribui para a invisibilidade do grupo e alimenta um ciclo vicioso que passa por dificuldades de acesso aos recursos de saúde e ao aumento da vulnerabilidade de mulheres e demais pessoas com vulva. Até existe uma cartilha do governo federal a respeito do assunto, mas sua versão mais recente foi publicada em 2007 e o material está praticamente escondido no site do Ministério da Saúde.

Outro efeito significativo dessa invisibilidade está na falta de recursos adequados para proteção: ainda hoje não há uma solução prática, acessível e eficiente para tornar o sexo entre pessoas com vulva mais seguro. Existem algumas alternativas para contornar o problema e minimizar os riscos, mas ainda temos um longo caminho a percorrer nessa jornada de inclusão.

Vulva com vulva: um guia de saúde sexual

Reunimos aqui um conjunto de práticas recomendada por profissionais de saúde para tornar o contato sexual entre vulvas mais seguro para todes. Uma vez que não existe um método pensado especificamente para o grupo, o mais indicado é combinar os cuidados para garantir o máximo de proteção possível.

Lembrete: a contração de ISTs não está ligada a uma ou outra orientação sexual, e sim ao tipo de prática sexual realizada – é por isso que optamos por falar de “contato sexual entre vulvas” do que “sexo lésbico” e afins.

#1 Cuidados preventivos

Se manter em dia com sua rotina de exames é o primeiro passo para viver sua sexualidade de forma mais segura. Os teste de IST devem ser realizados uma vez ao ano ou sempre que houver exposição a uma situação de risco. Os testes rápidos podem ser realizados gratuitamente em postos de saúde e conseguem detectar a presença do vírus HIV, além de sífilis e hepatite B e C.

Quem pratica sexo com penetração (seja de pênis, dedos ou brinquedos sexuais) deve realizar também o papanicolau a partir dos 25 anos (segundo as orientações de rastreamento do Ministério da Saúde). O exame detecta lesões precursoras do câncer de colo de útero (causadas pelo HPV) e o câncer de colo de útero em si.

@oya.care

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#2 Diálogo

O tema ainda é tabu, mas é importante normalizar a conversa sobre ISTs entre parceira/e/os sexuais. A troca de exames, por exemplo, é uma das formais mais seguras de evitar infecções sexualmente transmissíveis.

#3 Observação

Partindo para a prática, a observação é uma das medidas mais indicadas para reduzir os riscos do contato entre vulvas. Sabemos que a presença de verrugas ou feridas na região podem facilitar a transmissão de infecções, por isso é importante observar o corpo antes de qualquer ação.

Atenção: cortes e feridas na boca e nos dedos também podem ser porta de entrada para ISTs, cuidado!

#4 Luvas

Na penetração com o dedo, é possível se proteger usando luvas de látex e lubrificante à base de água.

#5 Barreiras de proteção

Não existe um preservativo feito especificamente para o contato sexual entre vulvas, mas é possível improvisar. Uma prática comum é criar uma barreira de proteção para a vulva a partir de um preservativo masculino: corte a ponta e o anel lateral, desenrole a camisinha e utilize a manta de látex para cobrir o órgão durante o sexo (só cuidado para ela não sair do lugar!).

O mesmo pode ser feito com um dique dentário (dental dam), material utilizado por dentistas para isolar a boca durante procedimentos odontológicos que pode servir de barreira durante o sexo oral.

Já o preservativo interno (camisinha feminina) pode ser usado na penetração e também no sexo oral.

#6 Sex toys também usam camisinha

Os brinquedos sexuais devem ser higienizados com água e sabão antes e depois do uso, e devem ser protegidos com camisinha caso forem compartilhados entre as parceiras. A regra é um preservativo novo sempre que o vibro/dildo trocar de dona.

#7 Cuidado com as mãos

Além de ter cuidado com feridas e cortes, é importante manter as mãos sempre limpas para um sexo mais seguro. Atenção especial para as unhas, que devem ser mantidas curtas e lixadas para que não acumulem sujeira e nem machuquem a região íntima.

Quer saber mais sobre os diferentes vieses da medicina em relação a gênero? Então vem com a gente para o próximo post! Spoiler triste: não são só as mulheres lésbicas e bissexuais que são invisibilizadas pela medicina tradicional.

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