Quem está em busca de tratamentos de reprodução assistida pode atestar: não é fácil encontrar uma médica especialista em fertilidade. Mesmo com o crescimento das técnicas de reprodução assistida no Brasil e no mundo, ter contato com uma profissional que nos passe confiança pode ser uma tarefa um pouco mais delicada.
Pensando nisso, a Oya Care bateu um papo com a Dra. Ana Flávia Hostalácio, parte da nossa equipe médica. Especialista em reprodução humana, ela atua desde 2019 e já tem mais de mil procedimentos no currículo.
Quer saber mais? É só continuar lendo para entender a trajetória da Dra. Ana Flávia e a importância de contar com uma especialista no assunto. Vamos juntas?
Bate-papo com a Dra. Ana Flávia Hostalácio: “Saí de uma área de fim de vida para pensar no início de tudo”
Você sempre quis ser médica?
Dra. Ana Flávia: Esse desejo começou por volta dos meus 13 anos, quando minha avó materna, de quem eu era muito próxima, foi diagnosticada com câncer de intestino. Estive muito próxima dela em todas as etapas desse processo, e lembro de ficar muito deslumbrada com todo o ambiente hospitalar, com os profissionais.
Depois da cirurgia de câncer, a minha avó precisou usar uma bolsa de colostomia [cenário em que há a comunicação do intestino com a parede abdominal, de modo que as fezes são eliminadas por uma bolsa], e participei bastante do processo de trocas [da bolsa]. Então lembro de a minha família comentar que eu tinha esse “dom” para a medicina desde muito nova. Principalmente minha avó, que ficava muito feliz com a forma como eu cuidava dela
Durante o meu terceiro ano do ensino médio, a medicina já era uma opção, mas acabei passando para o curso de Ciências Biológicas. Nesse momento, veio a dúvida: será que vale a pena ficar mais um ano no cursinho [pré-vestibular] e tentar medicina, ou é melhor começar a faculdade logo?
Acabei optando pelo cursinho e, no fim do ano seguinte, passei na Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt).
Como se encontrou na ginecologia?
Dra. Ana Flávia: Tive interesse por algumas especialidades antes de descobrir a ginecologia. Durante a maior parte da minha formação, meu foco foi o cuidado paliativo, e é até contraditório ver que saí de uma área que aborda cuidados de doenças que ameaçam a continuidade da vida para outra, que lida com o início de tudo.
Na verdade, parando para pensar, talvez não sejam abordagens tão opostas. Porque, muitas vezes, quando pensamos na reprodução assistida, o casal também vem de uma espécie de luto. Cada menstruação é, de certa forma, uma resposta negativa, uma frustração. Então, quando os tratamentos são necessários, por não serem 100% eficazes, talvez seja preciso lidar com resultados negativos, e é fundamental confortar esse casal, essa família. Então penso que minha vivência nos cuidados paliativos contribui para que eu tenha mais empatia e sensibilidade para acolhê-los nesse momento.
Apesar do foco nos cuidados paliativos, meu desejo, no quinto ano da faculdade, era atuar na pediatria. De certa forma, essas eram áreas afins, a depender do tipo de cuidado pediátrico que eu fosse desenvolver. E, no entanto, eu fiz o estágio prático em ginecologia e me apaixonei pela área de obstetrícia. Depois disso, surgiu a dúvida: pediatria ou ginecologia e obstetrícia?
Colocando tudo na balança, acabei optando pela ginecologia e obstetrícia. Porque me permitiria exercer a parte clínica, nas consultas, no acompanhamento do pré natal, mas também realizar procedimentos, exames, cirurgias. Me pareceu, então, uma área mais ampla, mais completa, e que me proporcionaria tudo o que eu buscava.
E a reprodução humana, como virou um interesse?
Dra. Ana Flávia: A reprodução humana, ao contrário das minhas outras grandes escolhas, era uma certeza desde que eu optei pela ginecologia e obstetrícia. No entanto, inicialmente, essa era uma ideia mais abstrata, pois, durante os dois primeiros anos da residência, em Jundiaí, o contato era apenas teórico, até pela certa limitação de acesso a esses tratamentos em centros não tão grandes.
No terceiro ano de residência [R3], passei um período em São Paulo, na Fertility, acompanhando a parte prática da reprodução assistida. Também fiz um estágio em Ribeirão Preto que me ajudou a ter mais dimensão da atuação na reprodução. De certa forma, me apaixonei pela reprodução [assistida] mesmo antes de conhecê-la a fundo, mas felizmente minhas expectativas foram atendidas.
Depois desse contato inicial durante o terceiro ano de residência, me aprofundei na área, realizando a subespecializacão em Infertilidade e Reprodução Humana no Centro de Estudos de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC, no Ideia Fértil. Foi quando deixei Jundiaí e vim para São Paulo.
Mas são muitas coisas que me encantam na reprodução humana. Inicialmente, motivando minha escolha, um pouco pelo histórico nos cuidados paliativos, a preservação da fertilidade, sobretudo em pacientes oncológicas, que passarão por um tratamento com potencial de comprometer a reserva ovariana. E a reprodução assistida se torna uma forma de permitir que o sonho da maternidade se mantenha vivo mesmo depois do tratamento do câncer.
Posteriormente, vivenciando a reprodução e todo seu contexto, poder compartilhar o momento da vitória de um casal, que veio de muitas frustrações e recebe o positivo. É muito emocionante e gratificante.
E, por fim, tem o lado de que a reprodução humana pode proporcionar uma liberdade reprodutiva. No sentido de que torna possível a escolha por ser mãe ou pai solo, e torna viável o desejo da maternidade e paternidade dos casais homoafetivos.
Você também tem uma atuação na histeroscopia. Pode falar mais sobre ela?
Dra. Ana Flávia: Durante a minha especialização na reprodução humana, tive a oportunidade de conhecer o Dr. Waldemar Carvalho, diretor do centro cirúrgico do Ideia Fértil. A partir de 2020, comecei a acompanhá-lo, a ter mais contato com a histeroscopia, e pude aprender a fazê-la.
Hoje, também atuo na realização da histeroscopia diagnóstica, um exame que ajuda a identificar fatores uterinos que podem levar à infertilidade. Evidentemente, esse tipo de exame também tem outras indicações, mas, no meu trabalho, ele contribui de forma importante para ampliar a investigação e complementar o diagnóstico.
E, paralelamente ao mundo da reprodução, também trabalho com o laser vaginal, não só para fins estéticos, mas para tratamentos funcionais, como pacientes com incontinência urinária, pacientes na menopausa que sofrem com atrofia, ressecamento vaginal e/ou dor na relação. Meu intuito é melhorar o bem-estar e a qualidade de vida para essas pacientes.
Para você, qual é o grande desafio da reprodução humana, hoje?
Dra. Ana Flávia: Acho que a gente ainda lida com tabus.
Em primeiro lugar, há uma certa resistência em aceitar a necessidade desse tipo de tratamento. E é compreensível, especialmente porque a gestação é algo que, em geral, espera-se que aconteça de forma natural. Isso resulta na demora pela procura por atendimento, que implica em outras dificuldades, como o fator idade, que começa a comprometer a quantidade e a qualidade dos óvulos e, consequentemente, as chances de sucesso do tratamento.
Além disso, no que diz respeito à parte financeira, alguns casais ainda pensam que é um tratamento inatingível, fora da realidade, quando, na verdade, a gente já observa uma redução no custo desses tratamentos e várias formas de facilitação do processo.
Por fim, há o desafio em conscientizar os profissionais de saúde e a população sobre falar sobre a fertilidade, refletir sobre o planejamento reprodutivo, tentando, de certa forma, prevenir a infertilidade ligada ao fator da idade.
E como você conheceu a Oya Care?
Dra. Ana Flávia: Trabalhei com a Dra. Natalia Ramos no Ideia Fértil. Na época, conciliava minha rotina com um outro trabalho em uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Me faltava tempo para conseguir assumir mais uma ocupação. Quando optei por deixar a UBS, em busca de outras perspectivas, recebi o feliz convite de entrar para o time da Oya.
A Oya é uma clínica cujos princípios vão muito ao encontro do que eu proponho na minha atuação e dos meus propósitos de vida. Ela foca em zelar pelo paciente, pelo acolhimento, pela empatia; em fornecer informação, proporcionando autoconhecimento e autonomia; em permitir decisões mais conscientes.
Inclusive, a Oya Care é uma clínica que tenta quebrar tabus, propondo a reflexão sobre o planejamento reprodutivo. Afinal, foca em falar mais sobre fertilidade, sobre tentar reduzir os diagnósticos de infertilidade no que tange às limitações pelo fator idade. Além disso, o trabalho em equipe e essa interação próxima que nós temos proporciona uma forma de fornecer uma assistência/experiência mais completa para a paciente.
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Você pode contar com a Oya Care para encontrar ginecologistas especialistas em fertilidade e em cirurgias minimamente invasivas.
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