Para a nossa sorte, cada vez mais atrizes, cantoras, apresentadoras e influenciadoras estão deixando de lado alguns tabus e falando sobre assuntos que antes permaneciam trancados entre quatro paredes. Assim como aconteceu com a endometriose, que ganhou destaque depois de relatos da cantora Anitta, a menopausa precoce recebeu uma atenção especial após entrevistas concedidas pela apresentadora Angélica e pela atriz Yohama Eshima.
A menopausa é a última menstruação da vida feminina e seu diagnóstico é feito de maneira retroativa, após 12 meses sem sangramento. O fim desse ciclo na vida de pessoas do sexo feminino acontece pelo esgotamento da reserva ovariana, e geralmente tem início entre os 45 e 55 anos.
Mas, em alguns casos, o fim dos sangramentos vem bem antes: é a tal da menopausa precoce, quadro em que a interrupção definitiva da menstruação acontece antes dos 40 anos.
Quer saber mais sobre o assunto? Acha que está passando pela menopausa precoce? Então vem que a Oya Care te explica o que é, quais são os sintomas e como o fim prematuro da menstruação afeta a fertilidade da mulher.
Menopausa precoce: começando do início
Não tem como falar sobre menopausa precoce sem que a gente converse a respeito do que é a própria menopausa.
Como a gente adiantou na introdução do texto, a menopausa pode ser classificada como a última menstruação da vida fértil feminina, diagnosticada após 12 meses sem sangramento. Ou seja, só dá pra confirmar com diagnóstico médico que é mesmo menopausa depois que você já passou um ano sem menstruar.
Antes desse fim definitivo dos sangramentos, é comum que a menstruação se torne irregular e seja acompanhada de outros sintomas, como ondas de calor e alterações de humor. Ao passar por essa fase, muitas mulheres acreditam já “estar na menopausa”, mas não é bem assim que funciona.
“Ué, Oya, como funciona então?” Fica tranquila, vamos definir de uma forma mais técnica alguns pontos chave relativos a esse universo antes de nos aprofundarmos sobre a menopausa precoce.
Transição menopausal: parece menopausa, mas não é
Também conhecida como perimenopausa, a transição menopausal é o nome oficial daquela fase em que as mulheres costumam dizer que estão entrando na menopausa. Esse período abrange não só a fase de transição, mas também o primeiro ano após o fim das menstruações.
É exatamente durante a transição menopausal que as mulheres começam a ter irregularidades menstruais e sentir aqueles clássicos sintomas chatos da menopausa, como:
- Fogachos: Sensação de calor, normalmente na região da cabeça e pescoço, que pode vir acompanhada de suor, palpitações e mal-estar;
- Menstruação irregular;
- Atrofia da bexiga: disúria (dor ou desconforto ao fazer xixi), urgeincontinência (ou incontinência urinária), polaciúria (ou aquela vontade de urinar com muita frequência e em pequenas quantidades);
- Alterações no humor;
- Insônia (pode ser causada por ondas de calor durante a noite).
Atenção: nem sempre todos os sintomas da menopausa regular (aquela que acontece entre os 45 e 55 anos) acontecem quando o quadro é de menopausa precoce.
Pós-menopausa
A pós-menopausa é o período que a gente normalmente chama de menopausa, ou seja, quando a mulher não menstrua há mais de 1 ano.
Climatério
Já o climatério é o momento que marca as transições fisiológicas que separam a fase reprodutiva da não reprodutiva. Além dos sintomas da menopausa apontados na transição menopausal, outros podem surgir. Entre eles:
- Ressecamento e perda da elasticidade da vagina, que vem acompanhada de dor na hora da penetração, coceira, estenose vaginal (ou diminuição do canal vaginal) e mudanças do pH da região;
- Disfunção sexual, normalmente caracterizada pela perda da libido;
- Dores nas articulações;
- Mudança na distribuição da gordura corporal (com maior foco no abdome) e até ganho de peso;
- Efeitos psicológicos, como a depressão e a instabilidade emocional;
- Osteoporose.
Tá, mas qual a diferença entre menopausa e a menopausa precoce?
Também conhecida como falência ovariana prematura, falência ovariana precoce e insuficiência ovariana primária (IOP), a menopausa precoce é diferente da menopausa regular justamente por acontecer mais cedo que o comum: estima-se que 1% das mulheres vão parar de menstruar antes dos 40 anos e 0,5%, antes mesmo dos 35.
Além dos nomes e da faixa etária em que acontecem, há outra diferença marcante entre a menopausa regular e a precoce: enquanto o fim das menstruações nas mulheres de cerca de 50 anos geralmente representa um caminho definitivo (com raras exceções, como o que aconteceu com a atriz Claudia Raia), a menopausa precoce tem um curso intermitente.
Não raro, mulheres em falência ovariana prematura observam um vai e volta dos ciclos menstruais, com retornos temporários da fertilidade e da menstruação, inclusive com possibilidade de gravidez. Por isso, atenção: se não quiser engravidar agora, nada de descuidar da contracepção sem a devida orientação médica.
Segundo publicação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a menopausa precoce é mais comum em mulheres negras e hispânicas e acontece menos entre as asiáticas. As causas para essa diferença étnica não estão 100% explicadas, mas o que se sabe é que, na maioria dos casos, por trás do fim prematuro dos ciclos menstruais estão defeitos e mutações em processos fundamentais para que a menstruação ocorra.
Falando em palavras difíceis e médicas, o que acontece é uma tal de depleção folicular ou deficiência no número de folículos. Ou seja, problemas na formação, produção, armazenamento e amadurecimento de células que fabricam nossos óvulos.
“Mas, Oya, por que a menopausa precoce afeta algumas mulheres e outras não?”. Boa pergunta! Segue a lista de possíveis motivos que podem levar seu organismo a uma interrupção das menstruações cedo demais:
- Fatores genéticos;
- Síndrome de Turner e anomalias numéricas ou estruturais do cromossomo X;
- Histórico de radioterapia e quimioterapia;
- Retirada bilateral dos ovários (ooforectomia);
- Infecções do ovário (ooforites);
- Galactosemia (uma doença metabólica bastante rara que impede a digestão da galactose);
- Falência de várias glândulas (incluindo o ovário).
Como saber se eu estou na menopausa precoce?
Os sinais de que uma pessoa do sexo feminino tem menopausa precoce são basicamente os mesmos da menopausa tradicional: fogachos, menstruação irregular, dor ou desconforto ao fazer xixi, incontinência urinária, aumento das vezes em que é necessário urinar, alterações de humor e insônia.
A maior diferença é que, no caso de interrupção precoce dos ciclos menstruais, os sinais vêm e vão, de forma intermitente. Como já dissemos, isso significa que a mulher com menopausa precoce pode ter retornos temporários da menstruação e, consequentemente, da fertilidade.
Quais são os riscos da menopausa precoce?
Assim como a menopausa comum, a menopausa precoce faz com que mulheres fiquem mais propensas a desenvolver algumas doenças como osteoporose, depressão, ansiedade, câncer de mama, diabetes mellitus e eventos cardiovasculares e tromboembólicos (por exemplo, AVC e infarto).
Importante: nos últimos anos tem sido observado um aumento nos casos de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) entre mulheres no climatério ou na menopausa. Isso não tem relação direta com a menopausa precoce, mas tem a ver com o fato de muitas abandonarem o uso do preservativo nas relações sexuais, considerando apenas a redução das chances de uma gravidez não-planejada.
Portanto, fica aqui o alerta: além de ser um método contraceptivo, a camisinha é a principal ferramenta que temos para nos prevenir das ISTs. Com ou sem risco de engravidar, e independente de você usar outros métodos contraceptivos, ela deve estar sempre presente nas suas relações sexuais, combinado?
Como tratar a menopausa precoce?
O tratamento para a insuficiência ovariana primária precoce é o mesmo feito em pessoas que sofrem da menopausa comum, ou seja, a reposição hormonal.
Esse tipo de terapia é feita por meio de medicamentos administrados de forma oral, por adesivo transdérmico, por gel transdérmico, via intrauterina (com aplicação direto no útero) ou por meio vaginal. Por ser um tratamento que pode aumentar os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e até do câncer de mama, a reposição hormonal é feita com menor dose efetiva e pelo menor tempo necessário para que os sintomas passem.
Além disso, é recomendado que mulheres que estejam fazendo terapia de reposição hormonal tirem pausas do tratamento de vez em quando para ver se os sintomas voltam. Isso, claro, sempre com o conhecimento e acompanhamento de um ginecologista.
Vale dizer que quem vive a menopausa precoce tem uma recomendação muito mais forte para o tratamento com reposição hormonal que aquelas que param de menstruar com cerca de 50 anos. O motivo disso é saúde: o aumento do risco de doenças graves, como osteoporose e doenças cardiovasculares, liga esse alerta.
Quer falar sobre menopausa precoce com uma ginecologista? Vem com a Oya!
Fale mais sobre reposição hormonal para menopausa precoce
O tratamento para menopausa precoce pode ser feito só com progesterona, só com estrógeno ou com uma combinação dos dois. Além disso, existe a possibilidade de substituir a reposição hormonal por um tratamento tópico vaginal (utilização de um creme interno vaginal) para diminuir a atrofia vaginal nas mulheres que não querem ou não podem usar hormônios de ação sistêmica.
Outra possibilidade de tratamento é a administração de testosterona nos casos de quem sofre com o Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, ou seja, a baixa libido.
A diferença no tratamento da menopausa precoce em relação à menopausa regular é que a terapia de reposição hormonal é mantida até a idade habitual da menopausa, ou seja, por volta dos 45 a 50 anos, mas sempre avaliando o risco-benefício de cada caso e o bem-estar da paciente.
Importante: a terapia de reposição hormonal não é recomendada para os seguintes casos:
- Histórico de câncer de mama ou de endométrio;
- Tromboembolismo agudo (AVC, infarto do miocárdio);
- Sangramento vaginal de origem não diagnosticada;
- Porfíria (doença rara onde a hemoglobina é metabolizada de maneira considerada incomum);
- Doenças hepáticas graves ainda em atividade;
- Doença coronariana;
- Lúpus eritematoso sistêmico com alto risco para tromboembolismo (que bloqueia de forma parcial ou total a passagem do sangue nas veias);
- Meningioma (tumores benignos das meninges que podem “apertar” alguns tecidos cerebrais).
Outra opção que pode ser debatida com o seu ginecologista é complementar a terapia de reposição hormonal com o uso de antidepressivos e os fitohormônios.
Os antidepressivos são usados para o controle daquelas ondas de calor tão características da menopausa. Já os fitohormônios (fitoestrogênios) são medicamentos de origem vegetal que têm uma estrutura semelhante ao estrogênio humano (que diminui na menopausa) e podem agir de uma forma parecida (ainda que em escala muito menor).
Oya alerta: muitas vezes fitoterápicos possuem efeitos que podem agir contra a ação de alguns medicamentos específicos e até potencializar seu efeito. Por isso, é essencial consultar um ginecologista e evitar a automedicação.
Menopausa precoce e fertilidade
Como a gente sempre fala aqui no blog da Oya, todas as pessoas do sexo feminino nascem com uma quantidade determinada de óvulos, a nossa reserva ovariana. Ao longo da vida, esse número vai diminuindo gradativamente até chegar ao fim – quando acontece a menopausa.
Normalmente, o esgotamento dessa reserva ovariana acontece lá pelos 50 anos e acaba por resultar em infertilidade.
Não é difícil imaginar que nas mulheres que vivem a menopausa precoce essa infertilidade também vem mais cedo. Isso acontece porque sem óvulos não há ovulação e sem ovulação não pode haver gravidez natural.
Por esse motivo, quem possui fatores de risco para parar de menstruar prematuramente deve fazer acompanhamento médico para entender como está sua reserva ovariana.
Vivo menopausa precoce e ainda quero engravidar. O que fazer?
Nem tudo está perdido para quem vive a menopausa precoce e deseja engravidar. Entre as opções para essas mulheres e pessoas com ovários está a é recomendada a fertilização in vitro (FIV) com óvulo doado (ovodoação) ou mesmo com os óvulos próprios congelados anteriormente. Exatamente por isso, é importante se adiantar e entender como anda a sua vida fértil logo que venham os primeiros sinais de falência prematura dos ovários.
Como entender sua saúde ovariana? A Descoberta da Fertilidade da Oya é uma avaliação preventiva da vida fértil que tem como objetivo oferecer conhecimento sobre seu corpo a partir da fertilidade. Com esse serviço é possível entender mais sobre o seu quadro e pensar em um plano de ação a curto, médio e longo prazo com ajuda de equipe médica especialista em fertilidade feminina.
Tudo é feito com dados sobre seu corpo, seu histórico de saúde e familiar, a dosagem do hormônio antimulleriano (AMH) – que indica como está sua reserva ovariana – e seu estilo de vida, tudo para te ajudar a planejar os próximos passos.
Agende agora sua Descoberta da Fertilidade e saiba mais sobre o que fazer para engravidar com menopausa precoce.