A verdade é que congelar óvulos é um assunto um pouco assustador, complicado e que muita gente ainda conhece pouco. Mas ao mesmo tempo, pode ser uma segurança pra quem quer engravidar um dia ou ter mais filhos no futuro e não quer (ou até não pode) depender apenas do seu relógio biológico.
No Brasil, o processo ainda é bem restrito: hoje, congelar seus óvulos pode custar entre R$11.000 e R$20.000 por sessão ou ciclo (você pode precisar de até 3 sessões por tratamento), sem falar dos custos de manter seus óvulos congelados por anos e anos. Mesmo que esse custo caiba no seu orçamento, saber por onde começar também pode ser uma barreira. Por isso, vamos passo a passo.
Tim-tim por tim-tim: saiba tudo sobre congelamento de óvulos
Passo 1: Será que a hora é agora?
Primeiro, pensa com a gente: o que te levou a se interessar pelo congelamento de óvulos? Você chegou a uma idade em que todas as vozes ao redor te dizem que seu relógio biológico deveria estar gritando? Ouviu dizer que depois de uma idade X ou Y as pessoas com ovários têm poucas chances de engravidar? Ou simplesmente não se vê gestando uma criança por enquanto e não sabe se esse desejo vai chegar no futuro?
Você pode ter mil motivos para ter chegado a este artigo (e todas as suas razões são válidas), mas aqui na Oya a gente defende que a melhor decisão é a decisão feita a partir de informação e autoconhecimento – sem fórmulas prontas.
Sim, sua fertilidade é finita, mas não há uma calculadora que diga “todas as pessoas com ovários precisam passar pelo congelamento de óvulos até os 35 anos – se quiserem ter filhos biológicos depois desse período”. Não existe data-limite generalizada, a reserva ovariana é uma questão individual – assim como tudo em você e no seu corpo.
Continua interessada no papo? A gente te explica melhor.
O que é reserva ovariana e como saber se devo fazer congelamento de óvulos agora?
A reserva ovariana nada mais é que o estoque de óvulos que temos em nosso corpo. As pessoas que nascem com ovários nascem com esse “banco” cheio e o saldo vai se esvaziando aos poucos, desde a primeira menstruação até a menopausa.

O ritmo em que a reserva vai diminuindo varia de pessoa para pessoa e nem sempre está 100% relacionado somente ao fator idade. Por exemplo, há casos em que alguém de 28 anos pode ter menor quantidade ou pior qualidade de óvulos que alguém dez anos mais velha.
Isso acontece porque, além do número de anos vividos, outros fatores influenciam na reserva ovariana de pessoas com ovários. Histórico médico e estilo de vida também entram nessa conta.
Em alguns casos, uma alimentação pouco saudável, o sedentarismo, o estresse e o consumo excessivo de álcool e tabaco podem contribuir para a baixa qualidade dos óvulos. Além disso, a genética e situações médicas mais peculiares, como histórico de câncer tratado com quimio e radioterapia e tratamento hormonal feito por pessoas trans também podem causar queda brusca da reserva ovariana e até infertilidade precoce.
Mas como saber qual é exatamente a minha situação? Bom, quem dá o melhor indicativo de como está sua reserva ovariana e vai te ajudar a tomar decisões melhor embasadas sobre congelamento de óvulos é o exame do hormônio antimulleriano (o exame de sangue HAM).
O HAM reflete nossa realidade reprodutiva em matéria de ovulação e, com base nele, é possível entender em que momento está sua reserva ovariana e traçar algumas previsões sobre como devem estar seus óvulos daqui a alguns anos – claro, levando em conta seu estilo de vida e histórico médico.
Talvez, com o exame de HAM, você descubra que ainda tem um “respiro” para pensar em congelamento de óvulos e se planejar para passar pelo processo daqui a alguns anos. Spoiler: dá pra economizar bastante com a anuidade do congelamento.
Passo 2: Coloque na ponta do lápis
Decidiu que é o momento de planejar um congelamento de óvulos? Abra a tabela de finanças, vamos falar de valores!
Geralmente, o preço do congelamento de óvulos varia entre R$11.000 e R$20.000 por ciclo – ou seja, a cada vez que é necessário extrair material ovariano, a interessada deve desembolsar esse valor (fica com a gente que nós vamos explicar direitinho esse processo). O custo se altera de região para região e de acordo com a clínica escolhida na hora de congelar.
Quem tem reserva ovariana numerosa e de boa qualidade, geralmente precisa que o ciclo seja realizado apenas uma vez. Já em casos de pessoas com índices qualitativos e/ou quantitativos menores, talvez seja necessária a realização de dois ciclos de congelamento ou mais – até que se atinja a coleta de 8 a 15 óvulos, número ideal para que se aumentem as chances de sucesso de uma gravidez no futuro.
Além do preço para congelar os óvulos, as clínicas especializadas costumam cobrar um valor de cerca de R$1.000 anuais para a manutenção do congelamento.
Se um dia você quiser abrir mão do material congelado, pode doar os óvulos que restam congelados para um banco de oócitos ou simplesmente informar à clínica, que vai dar o direcionamento correto ao estoque congelado.
Passo 3: A procura da estrutura médica perfeita
Falamos de dinheiro e agora vamos colocar esse investimento em prática: hora de escolher em que clínica e com quais profissionais fazer o seu congelamento de óvulos.
Nesta etapa, nossa dica é: comece pela recomendação da sua ou do seu ginecologista de confiança e, ao mesmo tempo, converse com alguém que já passou pelo processo. Se não conhece ninguém que já fez congelamento de óvulos, uma boa alternativa é dar uma lida nos depoimentos de quem já teve atendimento nas clínicas e com os médicos ou médicas que seu profissional de confiança indicou. Geralmente é fácil encontrar essas avaliações na internet. Sempre é bom ter uma visão de quem passou pelo que você vai passar, né?!
Além disso, observe com bastante atenção questões como a infraestrutura, o investimento em tecnologia, as certificações de controle de qualidade, o custo-benefício e, claro, a sensação de segurança que você tem ao conhecer a clínica.
Reserve um tempo também para dar uma avaliada no currículo, na experiência e na capacitação técnica dos profissionais (médicos, enfermeiros, biomédicos e biólogos) que vão estar envolvidos no seu processo e dê preferência para estruturas médicas que te ofereçam atendimento personalizado e multidisciplinar.
Passo 4: Luz, câmera… preparação para o congelamento de óvulos
Você decidiu seguir com o processo e escolheu que clínica e com que profissional fazer o congelamento. Agora é hora de preparar o seu corpo para a extração de óvulos. Começa aqui o tal ciclo do qual falamos no comecinho da conversa.
Na primeira etapa do ciclo, você toma injeções hormonais diárias, que vão estimular os folículos nos seus ovários a produzirem óvulos maduros, por de 10 a 15 dias. O objetivo desse processo é fazer com que os ovários amadureçam mais óvulos do que no seu estado natural (que é de um ou, no máximo, dois por mês).
Essa ideia de tomar injeção todo dia pode ser um pouco estranha, mas muita gente chama uma enfermeira em casa pra ajudar com isso — sem falar nas pessoas especiais da sua vida que estarão a seu lado.
Durante esse passo, a presença do seu médico ou médica também será constante. É esse profissional que vai acompanhar o desenvolvimento dos seus folículos com ultrassons pélvicos.
A primeira etapa do congelamento de óvulos tem algum efeito colateral?
É extremamente raro que algum efeito adverso grave ocorra. No máximo, o que pode rolar é que aconteça acúmulo de líquido na região da pelve e do abdômen ou que a área dos ovários fique um pouco dolorida, pois eles aumentam de tamanho – mas isso dificilmente acontece.
Passo 5: Agora sim, ação! Hora de extrair os óvulos
Quando seus folículos e óvulos estiverem no ponto certo, é a hora da extração. Você tomará uma injeção diferente e vai voltar ao consultório em 36 horas para o procedimento. Com uma agulha e guiado por um ultrassom vaginal, seu médico vai aspirar o líquido dos seus folículos, onde seus óvulos maduros devem estar. Pode ser um pouco desconfortável, mas leva menos de uma hora.
E essa etapa do congelamento de óvulos? Dói?
Não dói! Você fica acordada, mas recebe sedação leve, sente um leve desconforto e não fica impedida de voltar à própria rotina por dias e dias.
Nem precisa dormir no hospital. Basta guardar repouso pelo resto do dia e, na data seguinte, vida que segue.
Passo 6: O próprio congelamento
Agora, é com os médicos. O fluído dos folículos extraídos no passo anterior vai para um embriologista, que examina e localiza os óvulos maduros. Os óvulos são, então, congelados por meio de um processo ultra rápido que chamam de vitrificação, que preserva o tecido dos seus “ovinhos” da melhor forma possível. Depois de congelados, são guardados e mantidos na clínica de fertilidade, esperando a hora certa chegar.
Passo 7: A vida depois do congelamento de óvulos
Agora é seguir sua vida com a tranquilidade de quem assumiu o controle da própria narrativa! Mas você ainda tem dúvidas? Beleza, a gente tá aqui para te responder, com base na ciência – sempre.
Quais as chances de dar certo?
Depende. Vários fatores podem ter influência nas chances de gravidez e concepção de bebês vivos a partir de óvulos congelados. Sim, o fator “quantos anos de vida a pessoa com ovários tinha na data em que congelou o material” pesa muito, mas lembre-se que não existe a fórmula matemática (ou mágica) da idade máxima para congelamento de óvulos.
Ok, se você quer números, te entregamos uma estimativa: em média, entre 30% e 60% dos processos de congelamento seguidos por fertilização são um sucesso. Ou seja, cerca de metade dos casos resultam em gestações completas que geram crianças com vida.
O congelamento de óvulos tem data de validade?
De novo: sem fórmulas matemáticas. O que a ciência diz é que armazenar esses “ovinhos” por períodos longos não parece ter efeitos negativos. Outra boa notícia: até o momento, estudos não mostraram um aumento no risco de defeitos congênitos em bebês nascidos a partir do congelamento de óvulos.
Mas vale lembrar que a idade mais avançada no momento da gravidez está associada a maiores riscos de complicações – como pressão alta, diabetes e necessidade de cesariana.
Passo 8: Descongelar e fertilizar
Chegou o momento? Então pode convocar seus óvulos para que sejam descongelados e voltem para você. A partir disso, acontece a fertilização in vitro (FIV) — que já é outra história e merece sua própria discussão!
Pronto, é assim que acontece o congelamento de óvulos. A ideia é ajudar você a ter um planejamento familiar com mais tranquilidade, para engravidar quando você quiser, no seu tempo. Se fizer sentido para seus planos de vida, procure um médico de confiança e ele te guiará pelo processo. Mas, claro, faça essa escolha de forma bem informada.
E lembra qual o primeiro passo de tudo? Fazer o teste de HAM e seu planejamento de vida reprodutivo! Nessa etapa, a Oya está aqui para te ajudar com a Descoberta da Fertilidade. Pronta para dar esse passo? É só clicar aqui para fazer o teste de HAM.
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